terça-feira, agosto 07, 2007

Genciana...



Argençana-dos-pastores (Gentiana lutea)


Nome Científico – Gentiana lutea
Nome Vulgar – Argençana-dos-pastores, Genciana

Descrição - Planta robusta que pode alcançar os 150 centímetros de altura. As raízes são grossas e carnudas e estendem-se paralelamente ao solo. O caule é erecto, elevado, não ramificado, solitário ou multicaule e oco. As folhas são opostas, as basais pecioladas, as caulinares sésseis e abraçando por completo o caule, longas, de lanceoladas a largamente ovadas e com cinco a sete nervuras arqueadas bem marcadas. As flores são grandes amarelas, mais raramente alaranjadas, dispostas em número de três a dez nas axilas das folhas superiores ou na porção terminal do caule. O fruto é uma cápsula que se abre por fendas longitudinais.

Biologia /Ecologia - Biologia/Ecologia - Planta vivaz, de crescimento muito lento que só começa a florir entre os dez e os 20 anos de idade, mas que pode alcançar os 60 anos de longevidade. Floresce desde o final da Primavera e durante o Verão e frutifica durante o Verão. A polinização é realizada por abelhas e borboletas.

Habitat – Típica de prados pobres subalpinos a alpinos, desde os 1500 até aos 2500 metros de altitude. Em solos de natureza calcária ou siliciosa. Na serra da Estrela ocorre quase única e exclusivamente em fendas rochosas e em raríssimos prados de altitude de Festuca henriquesii.

Distribuição - Montanhas do Centro e Sul da Europa.

Curiosidades - Desde sempre, esta planta foi colhida por pastores devido à riqueza da sua raiz em substâncias medicinais. Possui propriedades febrífugas (brucelose) e abortivas. É usada no processo de vinificação de certas bebidas como o “vermute”, o que a torna muito procurada e valorizada, mas também cada vez mais ameaçada. Facilmente confundida com outra planta que ocorre no mesmo tipo de habitat, o heléboro-branco (Veratrum album), muito tóxica e que pode ser mortal devido à sua riqueza em alcalóides.

Conservação - Esta espécie encontra-se representada na serra da Estrela, único local de ocorrência no nosso país, pela subespécie aurantiaca. Encontra-se muito ameaçada devido à recolha de raízes de plantas jovens que ainda não entraram no período reprodutivo, o que a torna cada vez mais uma raridade botânica da nossa flora. A protecção da genciana e do seu habitat torna-se, assim, imprescindível pois, quando os poucos espécimes reprodutivos desta planta que ainda ocorrem em penhascos quase inacessíveis morrerem, a espécie poderá extinguir-se. A colheita de raízes deverá ser interditada e severamente punida. A genciana encontra-se na lista preliminar para o Livro Vermelho das plantas vasculares de Portugal.

http://www.cm-seia.pt/turismo/bncise/lupa15b.asp


(...)pensa-se que deve o nome a Gentius,
rei da Iliria
, que teria revelado a acção benéfica da
planta.
Esta genciana, uma das mais belas cresce muito
lentamente, é vivaz nas pastagens de alta montanha
e dá a primeira flor aos 10 anos e pode viver ao todo
mais de 50, produzindo apenas um único caule floral
de 4 em 4 ou mesmo de 8 em 8 anos. E vem provar
que toda a beleza é melindrosa. É ainda necessário
cuidado pois pode-se confundir com o
Heléboro-branco, que é muito tóxico, mas que é fácil
de distinguir pois as flores deste são brancas(16).
A raíz da argençana dos pastores é um poderoso
febrífugo e também um excelente amargo vegetal
estimulando as funções do aparelho digestivo.
Esta planta foi também aplicada pelo Dr. Leonardo
Nunes, físico-mor do Reino e, albicastrense ilustre,
contemporâneo de João Rodrigues e que lhe faz alusão
nos Comentários a Dioscorides, como descreveu José
Lopes Dias(5).(...)

http://www.historiadamedicina.ubi.pt/cadernos_medicina/vol08.pdf



e no Plano Zonal Agro-Ambiental do Parque Natural da Serra da Estrela


Das espécies a proteger na Serra da Estrela podemos destacar a argençana-dos-pastores (Gentiana lutea L.), espécie vegetal de interesse comunitário que exige uma protecção rigorosa, ao abrigo do Decreto-Lei n.º 140/99 que revê a transposição para a ordem jurídica interna da Directiva n.º 79/409/CEE (relativa à conservação das aves selvagens) e da Directiva nº 92/43/CEE (relativa à preservação dos habitats naturais e da fauna e da flora selvagens), o teixo (Taxus bacatta L.), o zimbro rasteiro, o vidoeiro (Betula pubescens Ehrh.), a macieira brava (Malus sylvestris Hill.), a tramazeira, o arando (Vaccinum mystillus L.) e a fava deágua (Menyanthes trifoliata L.).

e no País Basco http://www1.euskadi.net/biodiversidad/fichafloraamenazada.apl?id=66

Sem comentários: