quinta-feira, junho 08, 2006

Ovinos Serra da Estrela

Serra da Estrela - Variedade Preta

Serra da Estrela - Variedade Branca

"Os ovinos Serra da Estrela compreendem actualmente um numeroso grupo de animais, explorados em pequenos rebanhos, numa vasta zona da cadeia montanhosa que lhe dá o nome, correspondente à bacia hidrográfica do rio Mondego, no seu terço superior. Segundo Borrego (1980) o numero de ovinos Serra da Estrela era de 275.654, verificando-se hoje um acentuado decréscimo, para cerca de 115.000 animais, divididos entre variedade branca (90%) e variedade preta (10%). A raça ovina Serra da Estrela , considerada a de maior aptidão leiteira, de entre as raças ovinas nacionais, tem como seu solar os territórios correspondentes à bacia hidrográfica do rio Mondego, abrangendo os concelhos de: Seia; Gouveia; Celorico da Beira; Guarda; Fornos de Algodres; Manteigas; Oliveira do Hospital; Tábua; Arganil; Mangualde; Nelas; Carregal do Sal; Penalva do Castelo; Tondela e Viseu. Esta zona está praticamente toda incluida na Meseta Ibérica, que se caracteriza por terrenos arcaícos de natureza granítica, mostrando grandes afloramentos destas rochas, e ainda raros afloramentos xistosos (Borrego, 1978).
Foi a primeira raça ovina autóctone a ter Livro Genealógico contando hoje com 13000 animais inscritos no Livro de Adultos, e com cerca de 263 criadores aderentes Participou esta raça na confrontação internacional de raças ovinas leiteiras da bacia mediterrânica, na Feira Internacional de Paris. Desde os anos quarenta, tem sido sujeita a trabalhos de melhoramento, através da execução do contraste leiteiro.
A interrelação entre esta raça e esta vasta região é tão remota quanto indissocíavel, tanto na vertente económica como social. A principal função e objectivo de exploração desta raça é a produção de leite, sendo também apreciável a produção de carne através do borrego de leite ou canastra. Sendo a raça autóctone mais representativa em termos de produção de leite com a principal finalidade na produção de Queijo Serra da Estrela (DOP), também é explorada na vertente produção de carne com o Borrego Serra da Estrela (DOP). Esta raça autóctone é cada vez mais importante na vertente ecónomica e social de uma vasta região, pois ela está intimamente ligada a uma cultura que já perdura há séculos. Em geral o tamanho médio dos rebanhos é de 50 ovelhas, sendo na maior parte dos casos o pastor o dono dos animais, estando assim bem patente toda a tradição pastoril desta região. As razões pelas quais os rebanhos são constituidos por um pequeno número de cabeças são duas: estrutura agrária de pequena exploração com parcelas muito reduzidas, e escassez de mão-de-obra para a elaboração do queijo e condução do rebanho. A ovelha Serra da Estrela tem origens muito remotas, pois estes ovinos evoluiram a partir de formas selvagens (Carneiro das turfeiras - Ovis aries palustris; Muflão Europeu - Ovis musimon; e Muflão Asiático - Ovis aries orientalis) (Frazão, 1989). No entanto, a data e o local de inicio da domesticação continuam ainda em discussão, pois existem diversas teorias. Segundo Sanches Belda et al. (1986), terá havido um único ponto de domesticação situado no Médio Oriente na Zona do Crescente Fértil a partir do Muflão Asiático há 10.000 anos. Depois da domesticação nesta zona do globo e através da migração humana os ovinos passaram para a Ásia Menor, Balcãs, bacia do Danúbio, Europa Central e bacia do Rodano, chegando à Costa do Mediterrâneo no sul de França. Posteriormente terão atravessado os Pirinéus e penetrado na Península Ibérica cerca de 5.000 A.C.. Segundo outros autores outra via possível, seria a que se pensa provável para os Merinos, que terá sido mais lenta do que a anterior, tendo os ovinos chegado à Península Ibérica através do Estreito de Gibraltar, passando pelo Egipto e Norte de África. Frazão (1989), defende que para a etnia mais frequente na Península Ibérica (Bordaleira para os Portugueses, Entrefina para os Espanhois), a domesticação verificou-se na Península Ibérica a partir do Muflão Europeu.
Finalmente pesquisas recentes nas turfeiras da Serra da Estrela, sobre os pólens fósseis com datação através de C14 aos estratos geológicos que correspondem aos últimos 10.000 anos, sugerem a existência de pastoreio há milhares de anos em altitudes dos 1.400 a 1.800 metros. A partir das alterações do pólen recolhido nos estratos, verificou-se uma alteração da flora na variedade e quantidade mais ou menos intensa, sendo esta provocada pelo pastoreio regular ou mesmo sobre-pastoreio. A exactidão da data da chegada dos ovinos domesticados à Península Ibérica fica assim de alguma forma comprometida, pois esse pastoreio talvez tenha existido antes das datas que até então se consideravam prováveis."

in SOCIEDADE PORTUGUESA DE OVINOTECNIA E CAPRINOTECNIA


...e temos algumas "ovelhas negras na Montanha, sem Pastor, tresmalhadas, com pele de cordeiro e possuidoras de um instinto Lupino e apetite voraz por cervunais urbanos "

Sem comentários: