sexta-feira, maio 16, 2008

Taxi & Grupo de Baile



Vida de Cão

Neste mundo de ferro e aço
Onde tudo parece igual
Ninguém liga para o que eu faço
mesmo que tudo seja intencional

Ter o nome no jornal
Ser um caso nacional
E ficar bem conhecido

Fiquei sem comer por um ano
Bati o recorde mundial
Isso não me serviu p'ra nada
O desastre continuou total

Ter o nome no jornal
Ser um caso nacional
E ficar bem conhecido

Cão, tenho uma vida de cão
Todos me dizem que não
Ninguém me vai pôr a ladrar (x2)

Depois de tentar várias cenas
Em que todas me correram mal
Em nenhuma eu tive a sorte
E fui até chamado a tribunal

Tive o nome no jornal
Fui um caso nacional
E fiquei bem conhecido

Cão, tenho uma vida de cão
Todos me dizem que não
Ninguém me vai pôr a ladrar (x2)

(Neste mundo de ferro e aço
Onde tudo parece igual
Ninguém liga para o que eu faço
mesmo que seja intencional

Depois de tentar várias cenas
Em que todas me correram mal
Em nenhuma eu tive a sorte
E fui até chamado a tribunal)

Tive o nome no jornal
Fui um caso nacional
E fiquei bem conhecido

Cão, tenho uma vida de cão
Todos me dizem que não
Ninguém me vai pôr a ladrar (x4)

Taxi

Nascidos em 1979, do que restou dos Pesquisa (banda formada em 1977), os Táxi marcaram os anos 80 e ainda hoje fazem parte do imaginário, e não só, de muitos portugueses. Em 1981, um mês depois de terem actuado na primeira parte dos Clash em Cascais, Henrique Oliveira (guitarra), Rodrigo Freitas (bateria), Rui Taborda (baixo) e João Grande (voz), editaram o seu primeiro álbum de nomeTáxi. Com este registo de estreia, onde se destacavam músicas como «Chiclete», «TV WC», «Vida de Cão» e «Rosete», a formação portuense fez história ao atingir um nível de vendas superior a 35 mil unidades, o que lhes valeu um Disco de Ouro (primeiro do pop/rock português), feito que nem Rui Veloso tinha ainda conseguido atingir com o seu mítico álbum «Ar de Rock», editado no ano anterior. Seguiu-se, em 1982, «Cairo», um clássico do Rock Português considerado pelo jornal Público ?um dos melhores de sempre da música portuguesa. A capa de formato original, com o disco dentro de uma caixa cilíndrica de lata, tornou «Cairo» um objecto de culto vendendo, nos primeiros três dias, cerca de 15 mil unidades. «O Fio da Navalha», «Hipertensão», «Cairo» e «1, 2 Esquerdo Direito» foram os temas mais badalados do segundo registo dos Táxi. Em 1983 saiu «Salutz», de onde foi retirado «Sing Sing Club», que levou o quarteto a Espanha, França e Luxemburgo. Em 1984 editaram um single, gravado em Hamburgo, com uma música em Português (Sozinho) e outra em Inglês (In the twinkle of an eye), que já denotava o seu próximo passo. Dois anos depois, os Táxi voltaram então a estúdio para gravar «The Night», um álbum totalmente cantado em inglês. Depois de abandonarem os concertos (por volta de 1986), e para recordar a carreira desta banda, a editora lançou entretanto 3 compilações, «Best of Táxi», «Very Best of Táxi» e por último «O Céu Pode Esperar», que incluía uma versão ao vivo da música «O Fio da Navalha», tema este gravado num concerto que a banda deu em 1998 na cidade do Porto. Apresentando-se em 2006, com a sua formação inicial, com João Grande (voz), Henrique Oliveira (guitarra), Rui Taborda (baixo) e Rodrigo Freitas (bateria), este será um momento único para recordar, ou ouvir pela primeira vez, alguns dos grandes êxitos desta banda, dos quais destacamos: Chiclete, Cairo, TV WC, Vida de Cão, Rosete e Fio da Navalha.



Perfume Patchouli

Ai que bem que cheiras, que bem que cheiras dos sovacos
As meias rotas e os sapatos descalçados
Nas avenidas ainda fazes os teus engates
E tudo graças ao teu perfume patchouli

O-ho O-ho Ô-hô
O-ho O-ho Ô-ho

Essas miúdas das escolas secundárias
Com cheiro a leite e um soquete no artelho
Ficam maradas com o teu charme perfumado, yeah!
O teu perfume Patchouli

O-ho O-ho Ô-hô
O-ho O-ho Ô-ho

Essas miúdas das escolas secundárias
Já fumam ganzas na paragem do eléctrico
Com essas barbas com mais buço que timpelho
Não dizem duas quando estão ao pé de ti

O-ho O-ho Ô-hô
O-ho O-ho Ô-ho

O que elas gostam é de cheirar
O teu perfume patchouli
O que elas gostam é de cheirar
O teu perfume patchouli

http://br.youtube.com/watch?v=UDKFOdpy5yA


Grupo de Baile

BIOGRAFIA

A vida corria bem para o Grupo de Baile naquele ano de 1981. Já não eram apenas o grupo de amigos que se conheciam desde a infância (1), dos tempos em que tocavam na filarmónica da terra, nem sequer aquela banda que corria pelo circuito dos bailes com umas rocalhadas importadas do estrangeiro. As 99 mil cópias do single "Patchouly/Já Rockas à Toa", lançadas em Janeiro no mercado, foram consumidas vorazmente. As que traziam o "piiiiii" sobre a palavra "pentelho" e as em que se ouvia tudo. O Grupo de Baile fez disco de ouro em apenas um mês. Foi tiro e queda. Primeiro o tiro, depois a queda.

Quase dois anos depois, mesmo tendo gravado um novo single, "Estória Linda", o Grupo de Baile não voltou a ter o mesmo sucesso (2). Volatizaram-se. Viveram a mesma história que muitas outras bandas nascidas durante o "boom" do rock português, na euforia daqueles anos de 1980 a 1982, em que o panorama musical explodiu de uma tal forma que só podia mesmo vir depois a implodir.

Alguns anos antes e nunca se poderia ter gravado em Portugal uma música como o 'Patchouly'", explica o ex-vocalista do Grupo de Baile, Carlos Tavares.

"O 'boom' foi também muito incentivado pelas editoras, porque isso lhes dava uma maior escolha sobre aquilo que decidiam gravar ou não. Quantas mais houvesse, mais havia por onde escolher", afirma Carlos Tavares. Esta ideia é corroborada pelo guitarrista, Vicente. "Em Portugal as coisas funcionam assim: alguém experimenta uma coisa com sucesso e, de repente, parece que se descobriu a pólvora. Foi assim com o 'boom'. Apareceu o Rui Veloso com o 'Chico Fininho' e de repente percebeu-se que era possível fazer rock em português".

Toda a gente andava a querer e a conseguir gravar, e o Grupo de Baile recebeu o bilhete que os transportaria para o sucesso. "Embarcámos naquilo sem qualquer pretensiosismo, mas com a intenção de ir ver no que é que dava", esclarece o baterista, Luís Rosado. A Valentim de Carvalho convidou-os a gravar alguns dos temas originais que já tinham composto. "Tivemos hipóteses de impôr logo ali as nossas regras, mas não o fizemos", recorda Carlos Tavares. "Já éramos adultos nessa altura, mas nas coisas da música éramos mesmo uns miúdos" desabafa Luís Rosado.

Quando o quiseram fazer, pouco mais de um ano depois, perceberam que não podiam. Não eram essas as regras do jogo. "A certa altura quisemos deixar de ser os tais meninos e impôr as nossas escolhas à editora. Dissemos quais as canções que queríamos pôr num LP e quais é que queríamos que fossem lançadas em singles e a resposta foi um peremptório não. 'Nós é que sabemos disto, vocês editam aquilo que nós vos dissermos', foi a resposta", recorda Carlos Tavares. "Aquilo era espremer o limão até dar. Fomos chupados até ao tutano", reitera Vicente, defendendo que o Grupo de Baile teria tido, eventualmente, maior longevidade "se tivesse sido lançado um bocadinho mais por baixo e lhe tivesse sido dado tempo e estruturas de produção para crescer".

DULCE FURTADO / PÚBLICA, 14/11/1999

(1) A maior parte dos músicos tocavam desde miúdos na Sociedade Filarmónica União Seixelense. O grupo foi descoberto por Ricardo Camacho. Antes da edição do single de estreia já tinham tocado, intensamente, em bailes e festas pelo país fora.

(2) Ainda tentaram lançar o single "Vocalista Rock" mas que foi rejeitado pela editora.

(3) Em 1999 aceitaram o convite para o Seixal Rock 99 que se realizou no Seixal, no Largo 1º de Maio, entre os dias 6 e 9 de Outubro. Uma experiência agradável para o guitarrista Vicente Andrade, que confessou nessa altura ao jornal "Setúbal na Rede" ter em vista uma reunião com a banda, no sentido de equacionar a possibilidade de regresso do Grupo de Baile às luzes da ribalta.

FORMAÇÃO

Carlos Manuel Tavares ( voz)
Vicente Andrade (guitarra)
Luís Rosado (bateria)
António Manuel (baixo)
Luís Landeirote(orgão)
Marcelino (saxofone alto)
João Mário (saxofone tenor)
Zé Manel (trompete)

DISCOGRAFIA

Patchouly/Já Rockas à Toa (Single, Valentim de Carvalho, 1981)
Estória Linda/Conversa de Comadres (Single, Valentim de Carvalho, 1982)

NO RASTO DE...

Vicente Andrade continuou como músico da Orquestra Ligeira do Exército. Trabalha como músico de estúdio e em programas de televisão. Mais recentemente trabalhou com Lara Afonso e Marco Paulo.

António Manuel e Zé Manel são músicos da Banda da Guarda Nacional Republicana.

Luís Rosado é funcionário da Divisão de Acção Cultural da C.M. Seixal e Carlos Manuel Tavares é responsável pelo departamento de electricidade da C.M. Seixal.

Luís Landeirote foi empresário de equipamento de som e mais recentemente passou a entretainer de cruzeiros turísticos, em Miami.

Marcelino está reformado da Marinha Portuguesa.

João Mário é engenheiro mecânico da Lisnave e professor universitário.

http://anos80.no.sapo.pt/grupodebaile.htm

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