quarta-feira, julho 26, 2006

Geologia Serra da Estrela

alguns locais de interesse geológico a visitar na zona do Parque Natural da Serra da Estrela

Geomorfologia

Durante o Periodo Quaternário, ocorreram fortes oscilações climáticas traduzidas em fases glaciárias que alternavam com fases interglaciárias, de que resultaram quatro glaciações: Gunz, Mindel, Riss e Wurm. Em Portugal, podemos encontrar registos da acção erosiva glaciária na Serra da Estrela, a qual foi fortemente afectada pela glaciação de Wurm, a última glaciação Quaternária que teve o seu pico na Serra há cerca de 20 mil anos e a única que atingiu o nosso país. Se houve outras, as suas marcas foram apagadas por esta última.
Os vestígios desta glaciação estão representados pelos vales em U, depósitos de moreias, blocos erráticos e rochas polidas e estriadas.
Os glaciares da Serra da Estrela, alguns somente identificáveis por restos de moreias conservadas, são: Glaciar do Zêzere, Glaciar do Alforfa, Glaciar da Estrela, Glaciar do Alvoco, Glaciar do Loriga, Glaciar do Covão do Vidual e Glaciar do Covão do Urso.


Enquadramento geológico

A área da glaciação da Serra da Estrela é constituída por granitóides hercínicos, enquanto as áreas envolventes se desenvolvem essencialmente em metassedimentos do "Complexo Xisto-grauváquico". Encontram-se ainda depósitos glaciários e fluvio-glaciários e rochas filonianas.

Entre os granitóides do alto da montanha, existe uma acentuada variedade petrográfica, que pode ir do granodiorito ao leucogranito. De um modo geral, pode dizer-se que os granitóides se dispõem em faixas grosseiramente concêntricas, em que um granito de duas micas, porfiróide de grão grosseiro, e depois de grão médio, envolve um granito moscovítico de grão médio a grosseiro, que passa a granito moscovítico de grão fino ou a granito de duas micas de grão fino. O granito tende assim, a tornar-se de grão menos grosseiro e mais moscovítico para o interior do maciço.
Na zona de contacto da série xistenta com os granitos, ocorrem metagrauvaques, xistos mosqueados e corneanas resultantes de metamorfismo.

Tectónica

A formação dos metassedimentos envolventes do maciço granítico que constitui a Serra da Estrela, deve-se à deposição de areias e rochas muito finas em ambiente marinho. Estes sedimentos ter-se-ão depositado em zona de talude, tratando-se assim, de sedimentos turbidíticos, que deram posteriormente origem a xistos. O mar em que terá ocorrido essa deposição existiu durante o Pré-Câmbrico-Câmbrico.
Da subsidência resultante da deposição dos sedimentos originaram-se magmas ácidos, aos quais se deve a formação do maciço granítico. Os granitos cristalizaram em zona de cizalhamento, a cerca de 4 km de profundidade e instalaram-se há ~300-310 Ma., sendo portanto de idade hercínica, já numa fase tardia (F3).
Desde então ocorreu uma delaminação superficial dos metassedimentos, por efeitos erosivos, que deixou a descoberto os granitos. No entanto, todo este processo foi sendo acompanhado pelas últimas acções da orogenia Hercínica, que causaram a fracturação do maciço granítico.
Mais tarde, inicia-se novo ciclo orogénico, o ciclo Alpino, originando dobramentos que se traduziram no levantamento de cadeias de montanhas. Durante este ciclo ocorre na Península Ibérica uma re-activação daquelas falhas antigas e toda a Cordilheira Central se levanta. Este levantamento é feito em degraus, formando um conjunto de patamares a vários níveis.
Durante o Paleolítico superior, a glaciação Wurmiana cobriu os altos cimos da Serra , permitindo que algumas das línguas glaciárias se instalassem em vales tectónicos de idade mais remota.


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