Cerca de metade das espécies de mamíferos está em declínio e uma em cada três encontra-se ameaçada de extinção, de acordo com a edição de 2008 da Lista de espécies ameaçadas, divulgada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
O trabalho elaborado pela organização internacional de conservação da natureza que envolveu mais de 1.800 cientistas espalhados por 130 países, indica existirem 1.141 mamíferos em risco de extinção, o equivalente a cerca de 21 por cento das 5.487 espécies conhecidas. Nos universo dos mamíferos surge e referência que o habitat de 836 "ainda não é bem conhecido".
"Na realidade, o número de mamíferos ameaçados de extinção pode chegar aos 36 por cento", estima Jan Schipper, especialista da UICN e um dos principais autores do artigo, que quinta-feira será publicado na revista norte-americana "Science".
O documento alerta ainda para o perigo de "centenas de espécies desaparecerem" nos próximos anos devido ao impacto da actividade do Homem nos ecossistemas.
A perda do habitat natural e a sua degradação - que "afecta 40 por cento destes animais em todo o Mundo" -, a sobre-exploração dos mamíferos terrestres e marinhos, a poluição e as alterações climáticas são as principais causas apontadas para no estudo que chama atenção para a "crise de extinção" dos mamíferos.
O "declínio contínuo da população" de linces, considerado actualmente o felídeo mais ameaçado da Europa, deve-se, segundo a UICN, à "escassez da sua principal presa, o coelho-bravo".
Para Andrew Smith, co-autor do artigo e professor da Universidade norte-americana de Arizona, a Lista Vermelha pode e deve ser utilizada para "criar estratégias que abordem a crise", ajudar a "identificar espécies e áreas prioritárias para conservação" e "indicar tendências sobre o estado de conservação ao longo do tempo".
Curiosamente, uma das espécies mais ameaçadas em Portugal é o lince ibérico, numa listagem de 159 espécies em risco de extinção.
A reduzida população de lince ibérico no país está distribuída pelas regiões da Serra da Malcata e na região de Contenda -Barrancos.
Em 156 hectares da Herdade das Santinha, em Silves, está a ser construido o Centro de Recuperação do lince-ibérico, que surge como medida de compensatória imposta pela União Europeia para a execução da barragem de Odelouca, no Algarve.
O trabalho do UICN revela ainda na parte referente a Portugal o perigo de extinção da espécies de caracóis da Madeira e dos Açores. A seguir vêm 38 espécies de peixes e um total de onze mamíferos, onde está incluído o lince ibérico.
Os resultados do estudo foram apresentados perante os oito mil delegados no Congresso Mundial da UICN, que decorre até 14 de Outubro, em Barcelona, Espanha.
Sem comentários:
Enviar um comentário