Hotel revitaliza Rota da Lã e memória da época industrial
A antiga fábrica de lanifícios Campos Melo, na Covilhã, inserida na denominada Rota da Lã, na Região de Turismo da Serra da Estrela, vai dar lugar a um hotel de charme e toda a envolvente urbana da antiga unidade industrial será objecto de requalificação paisagística, através de uma parceria entre o Grupo Fibeira e a Câmara.
O projecto de transformação da "fábrica velha", cujas origens remontam ao século XVII, é da responsabilidade do arquitecto Miguel Correia e contempla a recuperação do imóvel para fins turísticos, a construção de um conjunto habitacional, com uma centena de fogos e a requalificação urbana de toda a área adjacente até à ribeira da Covilhã.
As fachadas da antiga fábrica, desactivada em 2003, serão mantidas na traça do novo hotel de "charme" da Covilhã que já viu reconhecido o seu valor patrimonial pelo IPPAR.
O enquadramento paisagístico da única máquina industrial vinda para Portugal, durante a execução do Plano Marshall, nos anos seguintes à II Grande Guerra, é uma das mais valias deste projecto. A máquina, abandonada há vários anos, constitui uma das memórias da arqueologia industrial do século XX, sendo considerada um espólio revelador da importância da actividade têxtil na economia da região.
O novo hotel de charme, da cadeia Villa Rica, surge contextualizados na vertente de turismo histórico-cultural. O objectivo, de acordo com a memória descritiva, passa por enquadrar a nova unidade hoteleira num espaço cultural mais amplo onde seja possível apreciar a evolução da indústria manufactureira da lã, na região da serra da Estrela.
Correspondendo a um investimento de 12 milhões de euros, este hotel, da responsabilidade do grupo proprietário do Atrium Saldanha, em Lisboa, contará ainda com um espaço museológico, subordinado ao tema da Rota da Lã e com uma galeria de arte contemporânea, para exposição das obras particulares de Armando Martins, o principal accionista do grupo Fibeira.
O projecto de arquitectura deverá ficar concluído em Maio e, segundo o presidente da Câmara da Covilhã, é de prever que as obras de restruturação da "fábrica velha" e requalificação urbana arranquem no primeiro trimestre de 2007. Em declarações ao DN, Carlos Pinto manifestou satisfação pela oportunidade de conjugação do investimento de grande nível com a recuperação de uma área urbana degrada. "É um projecto muito importante, pela credibilidade do investidor e pela sua aposta no turismo da região, mas também porque permite que a população possa vir a usufruir em breve de um espaço urbano que tem estado abandonado", acentuou.
Os planos de recuperação urbana do espaço, inseridos no Pólis da Covilhã, de acordo com Carlos Pinto, custarão à autarquia cerca de 1,2 milhões de euros.
Diário de Notícias
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