Fernando Farinha (Barreiro, 20 de Dezembro de 1928 - 12 de Fevereiro de 1988)
Fernando FarinhaEm casa dos meus avós ouvia sempre falar do Fernando Farinha, com alguma revolta, que "nunca lhe deram valor, que ele sim era o verdadeiro fadista...".
Recordo da minha infância um ou outro fado e ter visto com a minha mãe o filme o "Míudo da Bica" de Constantino Esteves, baseado na vida do fadista.
Hoje começo a compreender todos esses argumentos...
Recordo da minha infância um ou outro fado e ter visto com a minha mãe o filme o "Míudo da Bica" de Constantino Esteves, baseado na vida do fadista.
Hoje começo a compreender todos esses argumentos...
Talvez poucas pessoas saibam que esta figura tão típica da cidade de Lisboa e da sua memória nasceu, afinal, no Barreiro, em 1928. O seu pai, barbeiro, decide tentar a sorte na capital e, com 8 anos, o pequeno Fernando vem viver para o bairro do Bica.
Em 1957 é nomeado "A Voz mais portuguesa de Portugal", pela Rádio Peninsular.
Foi um artista muito querido pelos emigrantes Portuguêses espalhados pelo mundo e realizou diversas digressões pelo estrangeiro e foi numa delas ao Canadá em 1984 que o conheci pessoalmente e mantive como amigo até à sua morte em 1988.
Disposto para ajudar, foi um grande poeta e tocava viola aonde musicou diversos dos seus poemas.
Foi casado cerca de quarenta anos e sem filhos; morou mais de trinta anos na mesma casa na Rua Maria Pia que eu frequentei várias vezes.
Foi um dos primeiros fadistas a gravar e actuar com a presença do instrumento viola-baixo tocado pelo Joel Pina no celebrado Conjunto de Guitarras de Raúl Nery.
Foi respeitado por outros artistas afastados do fado e seus grandes amigos foram Tristão da Silva, Manuel de Almeida, Raúl Nery e António Calvário.
http://www.portaldofado.net/content/view/211/67/
pelas tabernas de Alfama
ninguém diria que o fado
viesse a ter boa fama.
Era a canção
da bebedeira e do calão,
da rufiagem, capelão
e dos fadistas de samarra
e mal diria
a Madragoa e a Mouraria
quem em Lisboa inda haveria
assim tal gosto pela guitarra.
Adeus tardes de toiradas
com guitarras e cantigas
adeus noites bem passadas
com bom vinho e raparigas.
Hoje os fadistas
são tratados por artistas
e aclamados nas revistas
com ovações delirantes.
Vestem do bom
e por ser chique e ser do tom
já vão à tarde ao Odeon
se as matinés são elegantes.
Hoje o fado já não tem
a rufiagem por tema.
Poliu-se, já é alguém
e até já vai ao cinema.
O fado agora
é pedido a toda a hora
e ouvido p?lo mundo fora
com alegria e agrado
e há-de chegar |
a Hollywood e ter lugar, |
pois não se ilude quem pensar | (2x)
que há-de ser grande o nosso fado. |
http://www.portaldofado.net/content/view/211/67/
Canção de Lisboa Mp3
Quando o fado era cantadopelas tabernas de Alfama
ninguém diria que o fado
viesse a ter boa fama.
Era a canção
da bebedeira e do calão,
da rufiagem, capelão
e dos fadistas de samarra
e mal diria
a Madragoa e a Mouraria
quem em Lisboa inda haveria
assim tal gosto pela guitarra.
Adeus tardes de toiradas
com guitarras e cantigas
adeus noites bem passadas
com bom vinho e raparigas.
Hoje os fadistas
são tratados por artistas
e aclamados nas revistas
com ovações delirantes.
Vestem do bom
e por ser chique e ser do tom
já vão à tarde ao Odeon
se as matinés são elegantes.
Hoje o fado já não tem
a rufiagem por tema.
Poliu-se, já é alguém
e até já vai ao cinema.
O fado agora
é pedido a toda a hora
e ouvido p?lo mundo fora
com alegria e agrado
e há-de chegar |
a Hollywood e ter lugar, |
pois não se ilude quem pensar | (2x)
que há-de ser grande o nosso fado. |
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