" (...) MADEIROS
Já antes de Cristo nascer, o homem, aqui, ligava-se à terra para o bem e para o mal, pela terra, pelo sol, pela chuva. Pelos elementos da natureza sentia-se ligado a Deus, aos seus deuses. Fazia festas, praticava ritos.
Quando chegava o equinócio do inverno, os homens sentiam que tinham de o enfrentar, e afrontavam, e uniam-se. À volta de uma grande fogueira se juntavam os homens desta terra. Juntavam a si os moços que chegavam à idade de ser homens. Mas sujeitavam-nos a provas rituais.
Com o tempo estes moços, que entravam para o rol dos homens eram os que iriam às sortes, para a vida militar. Hoje é a inspecção.
Estes é que iam roubar o madeiro, e o maior das vezes era gente da mais rica. Lembro os espartanos que eram obrigados a roubar para comer e que só pecavam se se deixassem apanhar...
Faziam-no de noite.
Algumas vezes tinham de usar de truques: fingiam que iam por um lado, enquanto o grosso do grupo ia no rumo certo.
(...) nota-se que nalgumas localidades só houve madeiro quando houve rapaziada para ir para a tropa. Assim, mesmo em povoações que não são sede de freguesia, se foi implantando o costume do madeiro que hoje não é para celebrar o inverso nem o fogo que unia os homens, mas para “aquecer o Menino Jesus”.
A Igreja Católica soube ligar esta festa do fogo à do nascimento de Cristo e à meia-noite.
A valentia dos moços das sortes media-se pela coragem e pelo vulto do madeiro! Estes rapazes ficariam unidos pela vida fora: “Um rapaz do meu tempo! Foi às sortes comigo. Fomos cortar o madeiro!”
E à volta do madeiro era a maior concentração.
As razões do madeiro, desde rito pré-cristão a união de esforços, a reunião de homens, a honrar ou aquecer o Menino Jesus – tudo foi mudando. Hoje não são só os rapazes que vão à tropa. O madeiro é roubado ou quase sonhado....
Hoje permanece, pelo menos, como sinal de união e como capacidade de as gentes de uma terra se reunirem. (...) "
Rapazes!!! Inesquecível o dia da nossa Fogueira...já lá vão uns anitos...
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