quarta-feira, janeiro 25, 2006

Lugar de culto no ponto mais alto de Portugal

Lugar de culto no ponto mais alto de Portugal Bispo da Guarda aposta na Pastoral do Turismo e na recuperação do espaço para as pessoas se encontrarem com Deus. .
“É nestes lugares especiais, como a Serra da Estrela, que as pessoas encontram Deus e a transcendência mas, algumas vezes, no caminhar normal da vida esta dimensão é preterida” – disse à Agência ECCLESIA D. Manuel Felício, bispo da Guarda, sobre a hipótese de um complexo religioso no ponto mais alto de Portugal continental. E adianta: “o lugar precisa de um espaço desta natureza onde predomine o religioso e o silêncio”. Em pleno Inverno e com condições próprias para os desportos desta estação, o bispo da Guarda declara: “as pessoas vão ali para sair do burburinho da vida”.
Outrora, quando a Força Aérea esteve na Serra da Estrela construíram uma capela para servir o quartel. Quando os serviços foram desactivados, a capela de Nossa Senhora do Ar “ficou mais desamparada e degradada”. Neste momento, o conjunto mudou de dono mas “vê-se que há ali vontade de desenvolver um novo projecto” – realça o prelado desta diocese.
A revitalização do ponto mais alto de Portugal continental é essencial e, em termos gerais, a Torre precisava de um “tratamento melhor”. Os operadores irão intervir e “eu tenho disponibilidade e pretendo avançar no diálogo”. A existência de um centro de acolhimento, oração e de encontro com Deus naquele lugar – “porque mais alto nos coloca mais próximo de Deus” - é uma intenção “de primeira importância que não abandonarei” – sublinhou D. Manuel Felício. E acrescenta: “temos uma experiência que pode incentivar esta - nas Penhas da Saúde, um pouco mais abaixo - há um espaço religioso que nos meses de Verão é muito utilizado”. Para as pessoas, estes lugares “são importantes” porque podem criar “um bom acolhimento” onde não falte “a dimensão transcendente de silêncio, repouso e encontro com Deus” – disse.

Caminhos da fé
A zona da Serra da Estrela, onde o território continental mais se aproxima do céu, tem um património e tradições de tal riqueza que não podem cair no esquecimento. Esta necessidade de preservação é visível no arciprestado de Gouveia que criou os caminhos de fé: trilhos para as pessoas fazerem caminhadas e percorrerem várias capelas, igrejas e ermidas. “Nós temos que valorizar o maciço central da Serra da Estrela. É importante, não só para os naturais de lá mas sobretudo para o país inteiro, reforçar a relação com o transcendente” – reconhece D. Manuel Felício.
O roteiro turístico e do património é fundamental mas “também interessa o roteiro da fé”. Em parceria com instituições locais voltadas para a monitorização da serra também “estamos interessados em fazer esses roteiros”. “As pessoas precisam deste contacto com a natureza e de fazer caminhadas a pé” - afirmou
O turismo é uma alternativa que “ temos para dar uma oportunidade de trabalho a algumas pessoas que estão a ficar sem emprego devido à desactivação das fábricas fiação, lanifício e confecção que existiam à volta da serra”.
Os parceiros existem – caso da Universidade da Beira Interior - que tem uma série de programas com estudos de rigorosos sobre as potencialidade que existem na serra. “É importante motivar aqueles que têm muito dinheiro para investir nesta zona” – salientou.

O pulmão de Portugal
A formação de pessoas para a Pastoral do Turismo é um hipótese mas “esta formação não vai com cursos específicos. Nós temos de promover qualidades humanas simples: acolhimento, atenção às pessoas e hospitalidade” – referiu o bispo da Guarda. A criação de condições de “humanizantes” para que as pessoas que visitam esta zona “se sintam em casa”.
Como estamos no Ano Internacional do Deserto e da Desertificação, D. Manuel Felício apurou que o “deserto é um valor. O Evangelho valoriza o deserto mas a desertificação é uma desgraça”. E adianta: “e começa logo pelo abandono das pessoas e pela degradação da natureza”. Hoje, a desertificação não é apenas “um problema para a Serra da Estrela mas também para Lisboa e Porto”. E pergunta: “onde está o pulmão do nosso país? O pulmão do país está “nestes lugares, nomeadamente no Maciço central da Serra da Estrela. Devemos promover este pulmão” – finaliza o bispo da diocese mais alta de Portugal.


in Agência Ecclesia

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